terça-feira, 18 de outubro de 2011

Procedimentos técnicos

Para conservação e restauração do monumento, segundo as recomendações das cartas patrimoniais de preservação do patrimônio histórico, órgãos de preservação competentes e da conceituação e boa técnica, usuais para essa atividade.
Todos os serviços realizados no monumento serão precedidos de projeto de restauro, análises laboratoriais, prospecções e testes de eficiência com as devidas aprovações do órgão preservacionista.

Instalação de tapumes de proteção
01. Instalação de tapumes de proteção em todo o perímetro do monumento
02. Produção e instalação de placa de obra nas dimensões míninas exigidas pela prefeitura e pelo órgão de preservação, com informações relativas às obra e que façam alusão a importância histórica dela.

Proteções
01. As proteções deverão preceder o início dos serviços, ainda que estas se dêem setorialmente, de modo que as intervenções a serem executadas não constituam danos aos elementos que se pretende conservar ou restaurar.
02. Deverão ser protegidos, durante a execução dos serviços, todos os materias e peças compositivas do monumento no momento em que não esteja passando por procedimentos de recuperação.

Acessos
01.Montagem criteriosa de torre de andaimes

Remoção para restauro

Para restauro das peças compositivas em atelier, faz-se necessário:
01. Identificação prévia de todos os elementos compositivos da peça, caso ocorra desmontagem.
02. Embalagem para proteção de todos os elementos
03. Remoção criteriosa
04. Transporte adequado
05. Restauração em ateliê
06. Embalagem da obra finalizada para proteção da peça
07. Reimplantação

Limpeza
Para emulsificação da sujidade e poluentes
01. Limpeza manual com a utilização de detergente neutro, panos de limpeza e aplicação de lixa d’agua nº 360 para remoção de encrustrações, fragmentos de tinta soltas e nivelamento das superfícies a serem pintadas.
02. A reaplicação do detergente deverá ser feita nas áreas onde persistirem resíduos de sujeira.

Alvenaria construtiva

(Embasamento)
01. Alvenarias em geral: quando nos serviços de reconstituição se fizer necessária, por razões estruturais, a substituição de panos de alvenaria, esses deverão ser recompostos com a mesma dimensão e técnica de tijolo de barro maciço encontrado, com datação e identificação da época do restauro (atual), devidamente ancorados ou cintados conforme execução original.
02. Retirada cuidadosa dos tijolos danificados ou descaracterizadores para recomposição dos panos de alvenaria
03. Impermeabilização da base da fundação para contenção da capilaridade ascendente que possa danificar a alvenaria de tijolos.
04. Selamento das fissuras através do preenchimento do vazio com o tipo de argamassa recomendada, bem pouco espessa, umedecendo o tijolo antes de aplicar a argamassa.

Metal
(Ferro galvanizado, chapa de ferro e barra de ferro)
01. Remoção mecânica, com o auxílio de solventes ou soprador térmico, das camadas de tinta, até a perfeita ancoragem de nova pintura.
02. Recomposição de partes faltantes.
* Os serviços de refazimento de partes faltantes serão realizados com o mesmo tipo de material e acabamento dos existentes (de mesma coloração e tipo de acabamento encontrados e/ou identificados em pesquisas e prospecções)
* As trincas e fissuras serão tratadas com liga metálica de mesma coloração do tipo de revestimento.
* Refazimento de partes faltantes em ferro será executado com uso de moldes em silicone e fundição com o mesmo tipo de material encontrado, para confecção de novas peças.
* Fixação/Colocação das peças executadas.
* Reparos na letras fixadas na chapa metálica através de tratamento anti corrosivo, substituição das partes faltantes e nova pintura com mesmo tipo de tinta e pigmento encontrados.
03. Rejuntamento
Refazimento das partes de rejunte faltantes ou aplicação de novo rejunte em toda a superfície, considerando o mesmo tipo de material encontrado.
04. Tratamento anticorrosivo através da aplicação de fundo antioxidante.
05. Aplicação de nova pintura em duas demãos, acabamento sobre superfície lixada, com coloração e tipo de tinta especificados em relatório de prospecções.
06. Proteção Final

Argamassa de revestimento
(Lisa)
01. Remoção criteriosa
As partes da argamassa que não puderem ser consolidadas serão removidas e, após saneamento das patologias do substrato, serão refeitas, no traço, material, textura e coloração originais, conforme indicado nas especificações estabelecidas após análise laboratorial. Sua completa execução só deverá ser feita após provas no canteiro de obras e aprovação do órgão competente.
02. Recomposição de partes faltantes, trincas e fissuras.
Os serviços de refazimento de partes faltantes serão realizados com o mesmo tipo de material e acabamento dos existentes, de mesmo traço, coloração e tipo de acabamento encontrados e/ou identificados em pesquisas e prospecções.
Tratamento das trincas e rachaduras no substrato, através da escariação em forma de “V” e aplicação de massa veda trinca, especial na mesma coloração do tipo de revestimento
03. Proteção Final:
Aplicação da camada de hidrofugante para criação de uma película de proteção.

Placa de sinalização
01. Instalação de placa metálica para identificação do monumento e restauro da obra.
Soldada com pinos, com a introdução de grapas para o chumbamento com argamassa de cimentcola e copound.

Limpeza final e desmobilização de obra

Execução de limpeza final da obra
Após a execução do serviços, todos os entulhos deverão ser removidos e o monumento deverá ser entregue em perfeito estado de limpeza e conservação.

Manutenção

Os serviços de manutenção deverão ser realizados a cada seis meses para a higienização e remoção das pichações e elementos espúrios, caso existam. Outros serviços mais específicos deverão ser realizados conforme a necessidade e gravidade do problema detectado; mas sempre considerando as questões relacionadas à preservação do monumento e que se baseiem nas especificações do projeto de restauro desenvolvido.
Obs. Recomendamos que todos os serviços de intervenção realizados no edifício sejam documentados e mapeados em relatório final (as built)

Metodologia para projeto de restauro

A - Identificação do monumento
1 - Pesquisa histórica
(Através de documentação textual, iconográfica, bibliográfica e gráfica, quando for o caso)
2 - Vistoria técnica
(Através do preenchimento de fichas que identificam o monumento com dados sintetizados, incluindo informações técnicas, cronológicas e tipológicas)
3 - Levantamento métrico arquitetônico
(Apresenta as características físicas do monumento, constituindo-se da representação gráfica detalhada de todos os seus elementos, sempre que necessário)
4 - Documentação fotográfica
(Visa complementar a identificação do monumento e auxilia na elaboração de projetos futuros)
5 - Prospecções pictóricas
(Visam auxiliar no reconhecimento do monumento, e serão aplicadas quando necessário)

B - Diagnóstico
1 - Estado de conservação
(Análise do estado físico de todos os elementos construtivos e de acabamentos, através do mapeamento das patologias com detalhamentos de todos os problemas existentes)
2 - Memorial
(Relatório conclusivo sobre o estado de conservação)

C - Proposta de intervenção
1 - Memória descritiva
(Corresponde ao texto que contem as proposições resultantes do processo de análise do
monumento, acompanhadas das justificativas dos critérios adotados)
* Para a elaboração da proposta, são observados os princípios enunciados em documentos internacionais sobre restauração e conservação, considerando-se especialmente o monumento (objeto da intervenção)
2 - Representação gráfica
(Desenhos necessários à compreensão da proposta)

D - Projeto executivo
1 - Memória descritiva
(Corresponde à exposição das propostas de intervenção a serem executadas no monumento)
2 - Projeto
(Representação gráfica com todas as informações necessárias e suficientes à compreensão do projeto, contendo intervenções físicas, restaurações e detalhamentos)
3 - Serviços e especificações
(Memorial descritivo e quantitativo detalhado, contendo materiais e técnicas)
* Os serviços de conservação só poderão ser especificados após conclusão do diagnóstico detalhado. Para cada problema será adotada uma solução.
6 - Cronograma de obra
(A ser elaborado de acordo com a necessidade)
7 - Aprovação no órgão competente
8 – Realização dos serviços conforme projeto
(Avaliação permanente dos serviços realizados, através de acompanhamento de técnico especializado com uso de fichas desenvolvidas para esse fim)
9 - Documentação final
(Edição da documentação gráfica dos trabalhos realizados)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Estado de conservação - outubro/2011

Amostragem do estado patológico de conservação da obra
As diretrizes para conservação e restauração consideram os tipos de material de composição de seus elementos, assim como as patologias que degradam esses materiais e oportunamente, com o desenvolvimento do projeto de restauro, serão tratadas uma a uma.

Estado geral de conservação

Após vistoria realizada e diagnóstico preliminar a olho nu, observou-se a necessidade de um programa contínuo de manutenção para o monumento de interesse histórico localizado em espaço público na cidade de São Paulo.
Observou-se a falta de conservação e manutenção da obra, assim como o alto grau de sujidade e outras patologias agregadas, provocadas pela ação do tempo, tais como despigmentação e desprendimento de tinta provocados pela exposição ao sol e as chuvas ácidas. Outro forte elemento de deterioração caracteriza-se pela ação do homem em atos de vandalismo, os quais degradam e comprometem a valorização deste patrimônio.
Verificou-se ainda problemas inerentes à composição dos materiais, tais como corrosão
metálica e aparecimento de trincas e fissuras no embasamento de argamassa, desprendimento de materiais de revestimento, falência de alvenaria, ferragens expostas, etc.
As patologias serão estudadas e mapeadas, identificadas no contexto da obra, e receberão indicação de procedimento de restauro adequado, em memorial de procedimentos que fará parte da composição do projeto desenvolvido.

Diagnóstico
Estado precário de conservação
Alto grau de sujidade
Escultura em ferro forjado: alto grau de corrosão, letras faltantes, despigmentação
Embasamento em alvenaria de tijolos revestida com argamassa lisa: alto grau de sujidade, desprendimento do revestimento, trincas e fissuras











História do Monumento


Inaugurado em 1º de outubro de 1968, na cidade de São Paulo, e localizado na Praça das Guianas, o Monumento a Federico Garcia Lorca vem resistindo ao tempo com a fragilidade de seus materiais e a força de seus ideais. Concebido e realizado pelo arquiteto Flávio de Carvalho, a pedido do Centro Democrático Espanhol, é a única obra do autor em praça pública e foi o primeiro monumento do mundo a homenagear o poeta espanhol assassinado em 1936 pelas tropas franquistas. A obra está protegida pela legislação de proteção do patrimônio cultural municipal e é considerada de importância histórica e artística.

"Quem passa pela praça das Guianas, nos Jardins, pode observar uma escultura que se destaca na paisagem por suas cores e formas: o Monumento a Federico Garcia Lorca.
Exilados espanhóis, membros do Centro Cultural Garcia Lorca, resolveram homenagear
o poeta morto por forças franquistas, sob acusação de ser comunista, durante a Guerra
Civil Espanhola. Lorca, no entanto, não era vinculado a ideologias ou partidos políticos. Dizia-se um homem livre, sem preconceitos, que lutava contra a opressão e pelos direitos das minorias.
O escritor Paulo Duarte foi convidado a participar e colocou o Centro em contato com o escultor e arquiteto Flávio de Carvalho. O projeto da escultura foi enviado à Serralheria Diana, de propriedade de espanhóis no bairro do Tatuapé, onde o artista acompanhou sua execução passo a passo. Depois de pronta, a praça das Guianas foi escolhida para a implantação.
A cerimônia de inauguração, no dia 1º de outubro de 1968, foi prestigiada pelo poeta chileno Pablo Neruda, que fez um caloroso discurso elogiando o amigo Garcia Lorca e o autor da escultura. Uma exposição na Biblioteca Mário de Andrade e um espetáculo no Teatro Municipal, com a participação de Chico Buarque, Geraldo Vandré, Sérgio Cardoso e outros completaram a homenagem, com repercussão internacional.
Na madrugada de 20 de julho de 1969, uma explosão danificou a escultura. Nunca se apurou o responsável pelo ato, que, no entanto, foi atribuído ao CCC. Folhetos deixados junto à obra informavam sobre a destruição do monumento ao poeta “comunista e homossexual”, no dia da Revolução Cubana. Os destroços da escultura foram levados a um depósito da prefeitura.
Em 1971, Flávio de Carvalho restaurou-a para levá-la à Bienal de Arte de São Paulo. Com muito custo e sem o apoio das autoridades responsáveis, conseguiu colocá-la do lado de fora do prédio da Bienal, no Parque Ibirapuera, onde ficou apenas dois dias. O embaixador da Espanha reclamou da presença da “escultura do comunista” e ela voltou ao depósito.
Dispostos a devolver a obra ao espaço público, alunos da Escola de Comunicações e Artes e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, falsificaram documentos e a roubaramem 1979. Durante três meses, trabalharam na sua recuperação e a depositaramno vão livre do MASP (Museu de Arte de São Paulo), estrategicamente, no dia em que o prefeito Olavo Setúbal participava de um evento no museu. O prefeito e Pietro Maria Bardi, diretor do MASP, não aprovaram o ato. Dias depois, finalmente,a obra foi reimplantada na Praça das Guianas, seu local de origem."
(Seção Técnica de Levantamentos e Pesquisa / Divisão de Preservação - DPH)