sexta-feira, 14 de outubro de 2011

História do Monumento


Inaugurado em 1º de outubro de 1968, na cidade de São Paulo, e localizado na Praça das Guianas, o Monumento a Federico Garcia Lorca vem resistindo ao tempo com a fragilidade de seus materiais e a força de seus ideais. Concebido e realizado pelo arquiteto Flávio de Carvalho, a pedido do Centro Democrático Espanhol, é a única obra do autor em praça pública e foi o primeiro monumento do mundo a homenagear o poeta espanhol assassinado em 1936 pelas tropas franquistas. A obra está protegida pela legislação de proteção do patrimônio cultural municipal e é considerada de importância histórica e artística.

"Quem passa pela praça das Guianas, nos Jardins, pode observar uma escultura que se destaca na paisagem por suas cores e formas: o Monumento a Federico Garcia Lorca.
Exilados espanhóis, membros do Centro Cultural Garcia Lorca, resolveram homenagear
o poeta morto por forças franquistas, sob acusação de ser comunista, durante a Guerra
Civil Espanhola. Lorca, no entanto, não era vinculado a ideologias ou partidos políticos. Dizia-se um homem livre, sem preconceitos, que lutava contra a opressão e pelos direitos das minorias.
O escritor Paulo Duarte foi convidado a participar e colocou o Centro em contato com o escultor e arquiteto Flávio de Carvalho. O projeto da escultura foi enviado à Serralheria Diana, de propriedade de espanhóis no bairro do Tatuapé, onde o artista acompanhou sua execução passo a passo. Depois de pronta, a praça das Guianas foi escolhida para a implantação.
A cerimônia de inauguração, no dia 1º de outubro de 1968, foi prestigiada pelo poeta chileno Pablo Neruda, que fez um caloroso discurso elogiando o amigo Garcia Lorca e o autor da escultura. Uma exposição na Biblioteca Mário de Andrade e um espetáculo no Teatro Municipal, com a participação de Chico Buarque, Geraldo Vandré, Sérgio Cardoso e outros completaram a homenagem, com repercussão internacional.
Na madrugada de 20 de julho de 1969, uma explosão danificou a escultura. Nunca se apurou o responsável pelo ato, que, no entanto, foi atribuído ao CCC. Folhetos deixados junto à obra informavam sobre a destruição do monumento ao poeta “comunista e homossexual”, no dia da Revolução Cubana. Os destroços da escultura foram levados a um depósito da prefeitura.
Em 1971, Flávio de Carvalho restaurou-a para levá-la à Bienal de Arte de São Paulo. Com muito custo e sem o apoio das autoridades responsáveis, conseguiu colocá-la do lado de fora do prédio da Bienal, no Parque Ibirapuera, onde ficou apenas dois dias. O embaixador da Espanha reclamou da presença da “escultura do comunista” e ela voltou ao depósito.
Dispostos a devolver a obra ao espaço público, alunos da Escola de Comunicações e Artes e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, falsificaram documentos e a roubaramem 1979. Durante três meses, trabalharam na sua recuperação e a depositaramno vão livre do MASP (Museu de Arte de São Paulo), estrategicamente, no dia em que o prefeito Olavo Setúbal participava de um evento no museu. O prefeito e Pietro Maria Bardi, diretor do MASP, não aprovaram o ato. Dias depois, finalmente,a obra foi reimplantada na Praça das Guianas, seu local de origem."
(Seção Técnica de Levantamentos e Pesquisa / Divisão de Preservação - DPH)

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